Constelação familiar sistêmica:
Toda nossa estrutura pessoal, social ou familiar é constituída baseada em sistemas, e em todos os sistemas existem leis.
Não adianta dizermos que não concordamos com essas leis, pois, a partir do momento em que estamos incluídos em um sistema, já estamos sujeitos às leis que governam aquele sistema.
Um exemplo disso é a lei da gravidade. Não adianta dizer que não concordamos com ela, pois fazemos parte de um sistema solar com suas próprias leis de funcionamento, e estamos sujeitos a elas.
Os núcleos aos quais você pertence, também é um sistema com suas próprias leis, seja ele familiar, social ou profissional. E todas as vezes que ocorre um desrespeito a alguma dessas leis, ocorre também um desequilíbrio em todo o sistema ao qual você está inserido, impedindo que todo o fluxo de prosperidade que aquele sistema poderia oferecer chegue até você. Assim, nos sentimos, traídos pelo sistema ou pela vida.
As três leis que governam as relações dos nossos sistemas são:
Pertencimento, equilíbrio e hierarquia.
**Pertencimento**
Todos temos o direito de pertencer, e não importa por quanto tempo seja. Minutos de gestação ou uma vida inteira. A partir do momento que existimos, já pertencemos.
Um desrespeito com essa lei pode ser percebido através das exclusões, que vão desde um aborto, e nesse caso especificamente pouco importa se esse aborto foi natural ou provocado, o que realmente importa é que existe um membro nesse núcleo familiar que precisa ser incluído, até um afastamento emocional por ser doloroso ou traumático demais para a família reviver aquela emoção.
É comum perceber a exclusão em temas traumáticos demais para a família, como suicídio, acidentes trágicos, crimes violentos ou desaparecimentos. Mas a exclusão não acontece só quando alguém morre, também acontece com os vivos, como os alcoólatras, os viciados, os que foram embora por alguma briga, ou para tentar uma vida melhor em outro lugar e não voltam mais, os deficientes ou aqueles que de alguma forma não se encaixam no “padrão normal”, sendo deixados de lado na família ou no núcleo que está inserido.
Quantas vezes, uma família que tem algum membro com qualquer distúrbio de comportamento, como o autismo por exemplo, evita participar dos eventos sociais com aquela pessoa por querer fugir de algum desconforto social? É uma pena, mas é comum, e isso também é uma forma de exclusão.
**Equilíbrio**
Acredito que essa seja a mais difícil de cumprir, pois na real o que se pede aqui é a humildade. Devemos ter a humildade para dar somente aquilo que temos para oferecer, assim como a humildade para receber somente o que o outro tem para nos dar, e assim sair da posição de vítima da vida, que acredita que o outro poderia ter feito algo por você.
Ter a humildade para oferecer somente o que tem, requer cuidado e atenção com os hábitos inconscientes que, no fundo, só escondem um terrível medo de rejeição. Parar de se desdobrar em mil pedaços para agradar todo mundo com a intenção oculta de se sentir valorizado ou importante, não é tarefa fácil, pois ainda carregamos o hábito de dizer: “ Eu fiz tanto por você e você nem pra me agradecer.”
Fez porque quis, e está tudo bem se a outra pessoa não tem um “muito obrigado” para te devolver, afinal de contas, ninguém pode dar o que não tem, por isso a humildade é o mais importante. É preciso ser humilde para entender o equilíbrio entre o dar e o receber, pois todo excesso esconde uma falta, e tudo o que oferecemos ou cobramos em exagero sufoca e escraviza.
**Hierarquia**
O que veio antes deve ser respeitado. As histórias, as memórias, as lições e as decepções que envolvem sua trajetória, constituem a sua história e são partes de você. Você é o que é graças a elas.
Honrar os seus antepassados vai muito além de conhecer seus avós ou aceitar os tropeços de seus pais que lhe trouxeram decepção. Honrar é respeitar, amar, cuidar e proteger, e tudo aquilo que veio antes de você merece esse cuidado, pois é parte de sua história.
Se hoje você é pai, mãe, marido, filho, amigo, chefe ou qualquer outra coisa, é porque você aprendeu com as oportunidades anteriores, com cada um dos arquétipos representados por essas figuras ou seus antepassados, portanto, não rejeite aquelas experiências frustradas, não rejeite aquelas historias dolorosas ou aquelas pessoas que passaram pela sua vida e não deixaram boas lembranças, pois alguma coisa você aprendeu com elas, então, agradeça pela oportunidade e siga em frente, mas não rejeite, apenas respeite o lugar que cada um ocupou em sua trajetória.
São três coisinhas bem simples, mas tão difíceis de ser praticadas, porque quem tem que colocar em prática somos nós, cada um dentro do seu sistema. Isso porque o que conduz um convívio saudável é o respeito, especialmente o respeito que nutrimos por nós mesmos. E como não é tarefa fácil conhecer nosso verdadeiro tamanho moral, seguimos a vida culpando o destino, o azar ou o outro para validar nossa condição de traído.
O que nos mantém na condição de traído, é a imagem que temos de nós mesmos, e construímos a partir das informações que recebemos dos núcleos que pertencemos, seja ele familiar, social, profissional ou sentimental.
Isso significa que em algum momento do seu desenvolvimento moral, você vai ser obrigado a trair as lealdades coletivas para chegar na individuação, porque ser fiel a si mesmo, é reconhecer o próprio valor, seja ele bom ou ruim.
Ser fiel a si mesmo, é assumir a responsabilidade pela própria vida.
Juliana Stuff
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